A Origem da Natura:
O Homem que Distribuía Rosas Antes de Cosméticos
A história da Natura não começou com sabonetes nem cremes hidratantes. Começou com um fusca vendido, uma pequena loja na Rua Oscar Freire, em São Paulo, e rosas distribuídas nas calçadas. Em agosto de 1969, Luiz Seabra dava o primeiro passo para construir não apenas uma marca de cosméticos, mas um movimento de beleza com propósito — e tudo isso sem saber que estaria mudando o jeito como os brasileiros se relacionariam com o próprio corpo e a própria identidade.
Com o dinheiro do carro, reformou uma antiga borracharia e montou sua primeira loja. Não era apenas um espaço comercial, mas uma extensão do seu jeito de ser: sensível, poético, acolhedor. Para chamar atenção, Luiz imprimia pequenos cartões com frases inspiradoras sobre amor, amizade, vida e beleza — e os entregava nas ruas, sempre acompanhados de uma rosa. Mais do
A História da Natura: De Rosas na Calçada a Referência Global em Cosméticos
A história da Natura é daquelas que começam com coragem e propósito antes mesmo do sucesso. Fundada por Luiz Seabra, um visionário que acreditava que beleza vai muito além da estética, a Natura nasceu de um gesto simples: entregar rosas acompanhadas de palavras inspiradoras, e não produtos, nas calçadas de São Paulo.
O início de um sonho (1969)
Em agosto de 1969, Luiz Seabra vendeu seu fusca e, com o valor arrecadado, reformou uma pequena borracharia na Rua Oscar Freire, em São Paulo. Ali instalou sua primeira e única loja, e também montou uma pequena fábrica na Vila Mariana.
Sem muitos recursos, ele começou sua jornada assim:
- Reformou o espaço com o mínimo que tinha;
- Mandou imprimir cartões com mensagens afetivas e filosóficas;
- Distribuía esses cartões na rua, sempre acompanhados de uma rosa.
A mensagem no cartão dizia:
“Nós pensamos em você. Gostamos do mundo, dos dons da vida, da música, da amizade, do elo que nos une, da mística engrenagem dos momentos. Aprendemos a força do amor. Com amor, muito amor, nós fabricamos beleza. Venha nos conhecer.”
Esse gesto não era uma estratégia de marketing. Era o jeito de ser de Luiz — e isso foi impregnado em cada detalhe da marca desde o início.
Mais que um negócio, um reflexo pessoal
Luiz Seabra acreditava que uma empresa deve ser mais do que o sonho de alguém — ela deve ser o reflexo de quem a cria. Essa filosofia foi uma resposta direta ao que se via na época: uma enxurrada de marcas brasileiras copiando modelos estrangeiros (os famosos "copycats"), que tentavam parecer sofisticadas apenas pelo nome — como Pierres, Christians, Alexanders e Isabelles.
Mas Luiz pensava diferente:
- Queria abraçar a diversidade brasileira, não imitá-la;
- Acreditava que não existia "a pele do brasileiro típico";
- Percebeu que a indústria oferecia produtos europeus para peles brasileiras, desconsiderando nossa pluralidade étnica e cultural;
- Desejava criar fórmulas adaptadas à pele real do Brasil, com ingredientes da biodiversidade local.
A quebra de padrão
Na época, valorizar o que era nacional ainda era raro. Ser brasileiro parecia menos “sofisticado” que parecer estrangeiro. E Luiz foi na contramão:
- Usou extratos da natureza brasileira em seus produtos;
- Montou uma loja com uma identidade própria e um nome que, à época, parecia até estranho: Natura, em alusão ao estilo de vida hippie, conectado à natureza;
- Investiu em relacionamentos e não apenas em transações comerciais.
De "louco" a visionário
Se hoje a marca é reconhecida por sua inovação e consciência ambiental, na época Luiz foi, sim, chamado de “louco” por muitos. Mas o tempo provou que a loucura dele era, na verdade, visão de futuro.
A história de Luiz lembra muito a de outras pessoas que ousaram sonhar com o coração. Como Juliana Motter, fundadora da Maria Brigadeiro, que em 2007 abriu uma loja dedicada apenas a brigadeiros artesanais — e também foi chamada de louca.
Hoje, tanto Luiz quanto Juliana são reconhecidos como empreendedores visionários que:
- Apostaram em ideias autênticas;
- Valorizaram a cultura e os sabores locais;
- Criaram marcas com alma e identidade.
O legado de Luiz Seabra
Luiz Seabra fundou a Natura com base em valores como:
- Amor à natureza;
- Respeito à diversidade;
- Beleza com propósito;
- Relações humanas autênticas.
E talvez, o mais importante: a coragem de acreditar que é possível transformar o mundo com pequenos gestos.
Como dizia outro “maluco visionário”, Steve Jobs:
“As pessoas que são loucas por acreditarem que podem mudar o mundo, são aquelas que realmente o fazem.”
Reflexão final
Hoje a Natura é uma gigante global, mas suas raízes continuam fincadas no gesto humilde de entregar uma rosa com uma mensagem de carinho. É essa história — e esse espírito — que inspira milhares de empreendedores brasileiros a serem loucos o bastante para acreditarem em seus próprios sonhos.