Um brechó vende roupas, calçados e acessórios usados ou seminovos, muitas vezes com foco em peças de qualidade, vintage ou de marcas renomadas. Este modelo de negócio promove a economia circular e a sustentabilidade, oferecendo opções mais acessíveis e exclusivas para os consumidores. Pode operar em um espaço físico, como uma loja charmosa, ou totalmente online, através de e-commerce e redes sociais, atingindo um público mais amplo e consciente.
O mercado de segunda mão no Brasil está em ascensão, impulsionado pela busca por consumo consciente, preços mais acessíveis e a individualidade que peças únicas proporcionam. A rentabilidade do brechó é alta devido ao baixo custo de aquisição dos produtos (comprados por valor baixo ou consignação) e à possibilidade de revenda com boa margem de lucro. A crescente preocupação com a sustentabilidade e a valorização do vintage tornam o negócio atrativo e com demanda constante, especialmente entre jovens e pessoas antenadas em moda e meio ambiente.
O investimento inicial pode variar de R$ 1.500 (para começar um brechó online em casa, com foco em consignação) a R$ 50.000 ou mais (para uma loja física bem decorada, com grande estoque e estrutura completa). Os custos incluem: aluguel e reforma do ponto (para físico), mobiliário (araras, prateleiras, espelhos), estoque inicial (compra de peças ou consignação), lavagem e higienização das roupas, fotografia de produtos (para online), marketing e capital de giro. A curadoria das peças e a organização são diferenciais.
Para um brechó físico, serão necessários: araras, prateleiras, cabides, balcão de atendimento, provadores (com boa iluminação), espelhos de corpo inteiro, sistema de PDV (Ponto de Venda), e uma área de estoque organizada. Para um brechó online, um computador com boa internet, uma câmera de boa qualidade (pode ser do celular) para fotografar as peças, e um espaço bem iluminado para criar fotos atraentes. Um sistema de gestão de estoque e uma plataforma de e-commerce (ou perfil em marketplaces) são essenciais. Máquinas de lavar e passar roupa também são importantes para higienização.
O público-alvo é diversificado: jovens (estudantes, fashionistas), pessoas que buscam economia, amantes de moda vintage, consumidores conscientes que priorizam a sustentabilidade, e quem procura peças únicas ou de grife por preços mais acessíveis. A demanda é por roupas de qualidade, em bom estado, e que reflitam as últimas tendências ou ofereçam um estilo diferenciado. A conscientização sobre o impacto ambiental da indústria da moda impulsiona ainda mais esse mercado.
Para iniciar em pequena escala, especialmente online, o MEI (Microempreendedor Individual) é uma opção viável se o faturamento anual não ultrapassar R$ 81 mil. O CNAE para comércio varejista de vestuário usado é 4785-7/01. Para faturamentos maiores ou para abrir uma loja física, será necessária a abertura de uma Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP), com registro de CNPJ, Inscrição Estadual e Municipal, e o Alvará de Funcionamento da prefeitura (para loja física). A emissão de notas fiscais é fundamental.
Invista na **curadoria das peças**: selecione roupas de qualidade, em bom estado, e que sigam um estilo ou nicho específico. Higienize todas as peças cuidadosamente antes de colocar à venda. Para brechós físicos, crie um ambiente agradável e organizado, que não pareça um "depósito". Para online, tire fotos de alta qualidade e com boa iluminação, e forneça descrições detalhadas (medidas, estado da peça). Ofereça opções de pagamento variadas e uma política clara de troca/devolução. Crie um programa de fidelidade.
As redes sociais (Instagram, TikTok, Pinterest) são excelentes vitrines: poste fotos de looks montados com suas peças, vídeos de "achadinhos", e mostre a qualidade das roupas. Crie stories interativos. Faça lives de vendas. Invista em anúncios pagos segmentados. Faça parcerias com influenciadores de moda sustentável. Promova a "história" por trás das peças vintage. Organize eventos de desapego ou bazares colaborativos. Ofereça frete grátis para compras acima de um valor.
O faturamento de um brechó pode variar de R$ 3.000 (para um brechó online pequeno) a R$ 25.000 mensais ou mais para lojas físicas bem estabelecidas. O ticket médio varia, mas a margem de lucro líquida pode ser de 30% a 60%, já que o custo de aquisição das peças é geralmente baixo. A rotatividade do estoque é crucial para a rentabilidade. Peças de grife ou vintage têm maior valor agregado e, consequentemente, margens maiores.
O crescimento pode vir da especialização em nichos (ex: moda plus size, infantil, masculina, peças de grife, vintage autêntico), abertura de novas unidades ou quiosques, expansão para o mercado online com plataforma própria, ou criação de um sistema de consignação mais robusto. A organização de eventos temáticos, como feiras de troca de roupas ou bazares solidários, também pode atrair mais público e fortalecer a marca.
Brechós como o Enjoei (marketplace online de moda second hand), a Repassa (brechó online com foco em desapego consciente) e a Garimpário (brechó físico com curadoria de luxo) são exemplos de sucesso no Brasil. Além deles, muitos pequenos brechós independentes, tanto físicos quanto online (como a Capim Dourado Brechó), têm prosperado ao oferecer peças únicas e um atendimento personalizado, construindo uma comunidade engajada em torno da moda circular e sustentável.
Montar um brechó é uma excelente oportunidade para empreender no mercado da moda de forma sustentável e lucrativa. Com um bom olhar para a curadoria de peças, uma estratégia de marketing eficiente e o compromisso com a qualidade e a sustentabilidade, você pode construir um negócio de sucesso que não apenas gera renda, mas também contribui para um consumo mais consciente e um futuro mais verde. Lembre-se: uma peça usada tem muitas histórias para contar, e seu brechó pode ser o palco para novas narrativas.